- Devo cuidar de mim
O primeiro passo para cuidar melhor do seu familiar é tomar consciência de que necessita de cuidar de si. Se assegurar a sua saúde física e psicológica, estará a garantir uma melhor assistência ao seu familiar dependente.
Neste âmbito, os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental, quando ajudam aos cuidadores a respeitarem-se a si mesmos e a encararem a sua vida como tão digna quanto a da pessoa de quem cuidam.
- Devo estruturar o meu dia
A perda de memória e consequente desorientação espacial e temporal causadas pela Doença de Alzheimer requerem a existência de uma rotina.
Ao fazê-lo, o cuidador dá ao seu familiar uma sensação de proteção e de segurança, ao manter horários fixos para a realização das atividades de vida diária. Para além disso, permite também ao cuidador gerir de forma mais eficiente o seu tempo e energia.
- Devo viver um dia de cada vez
Este passo reforça a importância de pensar apenas no dia presente e nos desafios que enfrenta hoje, ajudando os cuidadores a concentrar as suas energias no que é prioritário a curto prazo. Esta estratégia possibilita uma diminuição da sensação de sobrecarga, ajudando os cuidadores a manterem a objetividade em relação às suas experiências e a discernirem melhor entre a doença e a pessoa.
- Devo deixar que os outros me ajudem
Não deve tentar ser o único responsável pelo doente, pois tal conduzirá ao seu esgotamento físico e mental, fazendo com que não consiga prestar ao seu familiar os cuidados de que este necessita. O primeiro passo para ser ajudado é pedir ajuda, portanto não encare o pedido de ajuda como uma fraqueza e aprenda a delegar.
- Devo manter o sentido de humor
O sentido de humor pode ajudar os cuidadores a lidar com situações difíceis. Implica ser suficientemente objetivo para reconhecer alguma ironia em situações que, de outra forma, seriam embaraçosas, dolorosas ou constrangedoras.
- Devo lembrar-me de que os comportamentos e emoções de meu familiar são distorcidos pela doença
A ausência de controle sobre o comportamento das pessoas com demência é um dos fatores que mais sobrecarga gera nos cuidadores. Estes doentes apresentam com frequência distúrbios de comportamento que podem adquirir formas distintas: depressão, ansiedade, rejeição do cuidador, deambulação ou insultos.
Estes comportamentos desencadeiam no cuidador uma sobrecarga emocional que se pode traduzir em irritação, desânimo, isolamento social e perda da autoestima. Nestas situações, os cuidadores podem acreditar que os distúrbios comportamentais resultantes da demência são dirigidos a eles, de modo pessoal. No entanto, deverá tentar desconstruir esta crença, lembrando-se que os comportamentos e o humor do seu familiar são influenciados pela doença.
- Devo desfrutar daquilo que o meu familiar ainda consegue fazer
Deve realizar atividades gratificantes em conjunto com o seu familiar (como por exemplo, escutarem música juntos, passearem, visitarem amigos ou verem fotografias de família). Aproveitar os bons momentos é uma estratégia que os cuidadores podem (e devem!) adotar para ajudá-los a superar as dificuldades atuais. Simultaneamente, permite reduzir a sobrecarga do cuidador e aumentar a autoestima do doente.
- Devo manter uma rede social de suporte
À medida que a demência progride, o doente estará cada vez menos disponível para o cuidador. Por isso mesmo, e porque é fundamental que se mantenham as relações que nos são gratificantes, os cuidadores devem manter-se próximos da família e dos amigos que são uma fonte inesgotável de empatia, compreensão e apoio emocional.
- Devo lembrar-me de que estou a fazer o melhor possível
É importante que os cuidadores percebam que nem sempre é possível lidar com cada situação de forma perfeita, sendo capazes de reconhecer as suas limitações, pois tal permitir-lhe-á iniciar um processo de auto-aceitação e de auto-valorização.
- Devo colocar limites para não comprometer a autonomia do meu familiar
Um dos seus objetivos deve ser sempre o de que o seu familiar mantenha o maior nível de autonomia possível. Se, enquanto cuidador, aceder a todos os pedidos do doente e fizer tudo por ele sem ter em consideração se ele é ou não capaz de o fazer sozinho, poderá comprometer a sua autonomia. Neste sentido, se a sua ajuda for excessiva, é provável que as competências funcionais que o seu familiar ainda preserva sejam perdidas por este deixar de as utilizar.